Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte

Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte                                

DECRETO IPHAN N° 25/1938

 

Descrição: Na esquina da Rua do Rosário com rua Miguel Couto e a Av. Rio Branco, no centro do Rio, está erigida a histórica Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte.  A Igreja em uma fachada simples data de 1785.

Histórico: Em 1700, a Ordem Terceira de São Francisco da Penitência tinha uma ermida,  que fazia parte dos bens patrimoniais da Ordem.

 

Mais tarde ela viria a ser a morada da Ordem de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, cuja história foi marcada por reviravoltas e conflitos. A Igreja de São Sebastião, no morro do Castelo, antiga Sé do Rio de Janeiro, estava em ruínas e abrigava várias ordens, entre elas a de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos, fundada em 19 de julho de 1700 por Antônio Pinheiro, Jorge de Castro, Eugênio Ribeiro da Costa, Antônio Dutra e Francisco Coelho e Brito, sendo constituída exclusivamente por homens pardos. Anos mais tarde, o Bispo providenciou a transferência da Sé para outro local, em virtude do estado precário da Igreja do Morro do Castelo.

 

Também a Ordem dos Homens Pardos tratou de procurar outro lugar para sua morada, tendo o Governador da Cidade, Luiz Vahia Monteiro – o “Onça” – por ordem do Rei, determinado a ocupação da Ermida da Rua do Rosário pela Irmandade de Nossa Senhora da Conceição e de São Benedito dos Homens Pardos.  Em 1663, foi fundada a Irmandade de Nossa Senhora da Conceição e Boa Morte, estabelecida no Convento dos Carmelitas Calçados.

 

Em 1734, houve desavença entre os irmãos e os frades, e aqueles membros resolveram deixar os Carmelitas e fundar uma outra Irmandade, com o nome de Nossa Senhora da Boa Morte, indo se estabelecer na Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos. Os irmãos começaram a retirar todos os ornamentos e os objetos de prata que pertenciam aos Carmelitas em segredo, mas difícil seria a trasladação da imagem da Virgem.

O fato teve lugar no dia da festa da Virgem e o caso se revestiu de grande escândalo. Saiu a procissão do Convento dos Carmelitas e percorria as ruas, sendo a imagem da Virgem conduzida pelos irmãos. Ao chegar o cortejo na Rua da Quitanda, esquina da Rua do Rosário, os irmãos entraram inopinadamente na Capela da Conceição e fecharam as portas.

 

Houve tumulto, lutas, velas quebradas, hábitos rotos, sendo necessária a intervenção da força policial. Assim, as duas Irmandades passaram a conviver sob o mesmo teto. Em 25 de março de 1735, foi lançada a Pedra Fundamental do novo edifício, um projeto do Brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim, porém surgiram sérias divergências entre as duas congregações.

 

Somente em 1820, depois de longa discussão de 48 horas, ficou acertada a junção da Ordem de Nossa Senhora da Conceição dos Homens Pardos com a Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, terminando assim uma contenda de 60 anos. Essa pacificação se deveu aos esforços de Nicolau Viegas de Proença, Corretor da Conceição e Domingos Alves Pinto, Juiz da Boa Morte.

 

Em 1838 começaram as obras do novo templo. Em 1853 a nova Igreja estava concluída e foi benta pelo Bispo Conde de Irajá, no dia 14 de dezembro do mesmo ano, sendo conduzidas para lá, em procissão, as imagens que estavam guardadas na Igreja de São Francisco de Paula. A abertura da Avenida Central em 1903, não alterou seriamente a Igreja, que perdeu seu adro à direita, onde estavam situadas as catacumbas.

 

Fonte: Templos Católicos do Rio de Janeiro – Orlindo José de Carvalho– Manual, 2009